Artigos: HOMILIA: QUE PÃO NÓS ESTAMOS REPARTINDO? | |||
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QUE PÃO NÓS ESTAMOS REPARTINDO? (Jo 6, 1-15) Homilia de JB Libanio Paróquia N. Sra. De Lourdes Vespasiano MG (26.07.09/17º. domingo comum) Depois disso, Jesus atravessou o lago da Galiléia, que também é chamado de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia porque eles tinham visto os milagres que Jesus tinha feito, curando os doentes. Ele subiu um monte e sentou-se ali com os seus discípulos. A Páscoa, a festa principal dos judeus, estava perto. Jesus olhou em volta de si e viu que uma grande multidão estava chegando perto dele. Então disse a Filipe: São João brinca com os símbolos. Nesse texto, tão bonito, cada pormenorzinho é uma alusão para quem sabe ler o que realmente ele quer dizer. Hoje eu gostaria de fazer uma inversão. Começo por imaginar que cada um de nós é Jesus e que neste momento recebemos dele o poder de multiplicar os pães e com eles saciar as pessoas. Para vocês, as minhas perguntas: a quem daremos os pães? Que pães daremos? Como daremos esses pães? É bom que fiquemos com essas três perguntas na cabeça. Será que distribuiríamos o pão material? Certamente, esse pão material acabaria logo, mas o que realmente nós temos para oferecer às pessoas? O que poderíamos dar como pão? O que adquirimos ao longo da vida em cultura, em experiência, que poderá servir para quem está ao nosso lado? Que pão uma mãe poderia distribuir aos seus filhos? Poderíamos dar exemplo, ensinamento, silêncios, palavras? Talvez muitos de nós não tenhamos nenhum pão para dar. Esta é a grande tristeza: ter os nossos cestos vazios, depois de trinta, cinqüenta anos de vida, olhar para o nosso cesto e perceber que ele está vazio, que nada temos para distribuir, para partilhar com quem está ao nosso lado. É terrível perceber que uma vida inteira se passou na mais completa vacuidade. Trágica verdade quando percebemos o silêncio da inutilidade, de quem não viveu, de quem nada experimentou. Só podemos comunicar aquilo que vivenciamos em profundidade, aquilo que nos tirou de dentro de nós numa revolução profunda, levando-nos a trabalhar, modificar a realidade e só assim, sermos capazes de transmitir. Como dizia o grande pedagogo Paulo Freire, precisamos tomar consciência da nossa dignidade, do nosso ser, da nossa existência, pois só a partir daí poderemos comunicar alguma coisa para as pessoas. Ao término desta celebração, caminhemos para as nossas casas nos perguntando sobre qual o pão que temos para saciar quem caminha conosco. A quem daremos o nosso pão? Pensando em pão material, só poderíamos dá-lo a quem estivesse com fome, assim como Jesus deu àquelas pessoas que o seguiam. Mas hoje, com tantos programas sociais, preocupando-se em alimentar o povo, não é desse pão que as pessoas estão necessitando. Será que já paramos para pensar que espécie de ajuda as pessoas estão buscando em nós? Quantas pessoas ao nosso lado estão precisando de um abraço, de um olhar de atenção, tanta coisa que podemos distribuir nos enriquecendo muito mais? E como podemos distribuir esse pão? Será que sabemos nos colocar em disponibilidade para as pessoas, abrindo-lhes o coração, voltando-lhes o nosso olhar, acolhendo-as em nossas casas? Hoje, a psicologia, a pedagogia e também a ética trabalham muito o cuidado, a delicadeza no trato com as pessoas, fazendo com que elas não se sintam dominadas, humilhadas. Deixemos de lado a arrogância, a prepotência, e só assim faremos grandes milagres na multiplicação dos pães. Foi Jesus quem disse que nós faríamos milagres maiores do que Ele fez. Amém. (26.07.09/17º. domingo comum) |